segunda-feira, 2 de março de 2009

Programa nº 29

Luís da Câmara Cascudo escreveu no seu Dicionário do Folclore Brasileiro: “Difundido por todos os cantos do Brasil, o Carnaval vem sofrendo modificações acentuadas em relação às festas tradicionais”. Uma semana após o festejo considerado um símbolo da cultura brasileira, a gente questiona: que mudanças são essas? Será que podemos falar em sentido religioso distorcido?

Bloco 1:





Bloco 2:



Um comentário:

Augusto Paim disse...

A discussão é interessante, pois realmente a idéia do carnaval como preparação ou último momento de liberação antes da quaresma está perdida. É necessário ter sempre em mente, mesmo para foliões que só estão interessados na festa. Porque no carnaval de hoje seguido encontramos pessoas que não tem simplesmente nada em mente, independente de classe social, e é por isso que carnaval significa também violência e caos social no Brasil.

Eu gostaria de plantar a semente da discórdia com um questionamento: será que o depoimento da menina evangélica não ficou deslocado? Veja, a idéia é boa, mostrar como alguém com valores religiosos se sente desconfortável com um momento que nasce de uma cerimônia religiosa (contraditório, não?). Acontece que o Carnaval surge não como ritual religioso, mas ao contrário, como um momento sem rituais para aproveitar os últimos instantes antes do momento religioso de recolhimento. Ou seja, nasce em oposição à religião. Enfim, quero comentar é outro ponto. O modo da menina pensar é totalmente válido, mas me parece que ficou um depoimento recortado, talvez até caricato, fora do conjunto de valores e crenças que estabelecem o lugar do qual essa menina fala. Ou seja, no vídeo parece às vezes "conservador" o pensamento dela, porque o programa não é contra o que se faz no carnaval, mas sim sobre a perda do sentido religioso (ou anti-religioso) histórico da festa. Já o depoimento da menina é sobre os valores dela, que não dependem de existir carnaval ou não. Quero dizer, a mim parece que ficou uma imagem meio caricata, fora de contexto.

Complicado de explicar, mas é minha impressão. Nem que sirva para sucitar debate. Acho importante que quando se mostre um depoimento tão estranho ao nosso se faça com o cuidado de prestar atenção ao ambiente e à cosmologia onde o entrevistado circula. Um programa sobre a visão evangélica no mundo de hoje, por exemplo, seria interessante, porque mostraria do ponto de vista deles, respeitando os valores deles.

No mais, seria legal uma replicagem do piloto que fizemos no já distante 2007 sobre carnaval. A discussão segue atualíssima.

Grande abraço!