quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Programa n° 17

Há quanto tempo você não vê um alfaiate tirando medidas para costurar um terno bem ajustado? Seu avô ainda vai ao barbeiro ajustar as costeletas? Com a modernidade, muitas profissões são substituídas, adaptadas ou até mesmo extintas. O Fiz + Sotaques resgata a memória e vai em busca de quem não se rende ao tempo - continua trabalhando em uma profissão que corre o risco de desaparecer das nossas vidas.

Bloco 1:


Bloco 2:

sábado, 18 de outubro de 2008

Arte e educação


O tema dessa semana é a história da educação. Pensando nisso, juntamente com o o tema da semana passada (arte contemporânea), nosso colaborador Augusto Paim sugeriu esse cartum acima do Rafael Corrêa. O Augusto já o havia postado no seu blog, o Cabruum.


Vale a pena pensar no acesso à educação, arte, cultura... nem sempre todos temos possibilidades iguais de conhecer um determinado campo do conhecimento.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Programa nº 16

No dia 15 de outubro comemora-se o dia do professor. Por isso, o Fiz + Sotaques vai além e compara métodos da história da educação, dos tempos da palmatória até o ensino à distância. Afinal, nos dias de se questionar muito a qualidade do ensino no Brasil... então, por que não comparar a evolução dos métodos?

Bloco 1:


Bloco 2:

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Já que o assunto é arte...

O colaborador do Fiz + Sotaques, Augusto Paim, apresenta sua matéria premiada no programa Rumos de Jornalismo Cultural, promovido pelo Itaú Cultural em 2004/2005.

SANTA MARIA DAS INTERVENÇÕES URBANAS*
(A arte está dentro ou fora dos museus?)

Árvores pintadas de azul, bacias amarelas espalhadas pelo campus da universidade, a frase “Aonde é que tu vaaaai?” estampada em pontos estratégicos das avenidas e ruas... decididamente, Santa Maria, município localizado no interior do Rio Grande do Sul, não é uma cidade convencional.

Uma idéia

“É típico o caso de Christo [artista francês], que envolve em plástico monumentos e até trechos de paisagem, quase recriando um estado de curiosidade em relação a fatores ambientais que haviam se tornado costumeiros e, portanto, desinteressantes.”
Giulio Carlo Argan, crítico italiano

Se você seguir as formigas desenhadas no rodapé das paredes do prédio 40 da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pode ser que encontre Rebeca Lenise Stumm. Rebeca, professora do curso de Desenho e Plástica, é sub-chefe do Departamento de Artes Visuais e orientadora do projeto Intervenções Artísticas no Espaço Comunitário – Laboratório Reflexivo sobre Linguagens Contemporâneas. Mas não confunda as coisas: as formigas foram pintadas pelos estudantes de Desenho Industrial, o que confirma a tese de que o conceito de artista está sumindo; segundo Rebeca, todas as pessoas devem ser consideradas artistas.

Descendo ao subsolo do prédio, há uma sala onde, bem no centro, em meio a quadros, esculturas, restos de materiais espalhados pelo chão, jaz um armário. É daí que Rebeca retira a pasta com as fotos dos trabalhos dos seus alunos - um “rio” de lona percorrendo o campus, árvores com tiras de papel vermelho colados ao tronco, quilos de argila disponibilizados para o manuseio público em alguns setores da universidade, um rastro de sangue dentro do Centro de Artes e Letras... Trata-se de intervenções urbanas, obras de arte que modificam o ambiente em que estão inseridas, fazendo com que as pessoas que circulam por esse ambiente passem a olhá-lo com outros olhos. A intenção é fazer com que a sociedade questione a sua maneira corriqueira de agir sobre as coisas do cotidiano, fazer com que o banal se torne ponto de reflexão.

- As crianças às vezes acham que estão num parque de diversões quando vão à Bienal – comenta a professora.

De fato, apesar do sucesso alcançado junto ao público, há uma preocupação em não transformar a intervenção em mero entretenimento, inclusive na produção. Pois Rebeca diz que é a intenção do autor que diferencia o bom do mau artista. Além do mais, não há uma preocupação maior com o acabamento da obra, já que esta acaba falando sobre o próprio processo de fazê-la. O que conta, portanto, é o referencial teórico do trabalho.

A história do artista holandês Van Gogh, que se trancou sozinho em seu ateliê e, de propósito, cortou a própria orelha, é um exemplo citado por Rebeca do que a arte não quer mais. Nesse novo cenário da produção artística, é o trabalho em grupo que prevalece. Como na música e nas artes cênicas. A Arte Contemporânea, em si, já representaria uma busca por uma maior interação com o público. E, nesse caminho contrário à elitização da arte, as intervenções urbanas exercem papel fundamental.

Um quadro

“A arte acontece, a arte ocorre, isto é, a arte... é um pequeno milagre.”
Jorge Luis Borges, escritor argentino

- Estamos na terra de ninguém! – desabafa Alfonso Benetti, coordenador do curso de Desenho e Plástica.

A sua visão justifica-se assim: já não se sabe mais o que é retrógrado e o que é vanguarda. Há uma busca pela novidade, acima da qualidade. Hoje em dia, arte é aquilo que é declarado como tal, e ponto final.

Sentado numa cadeira do seu ateliê, as pernas cruzadas, as mãos mexendo num rolo de fita adesiva, os olhos em nenhum momento fitando o interlocutor, Alfonso revela sua opinião sobre intervenções urbanas: em resumo, uma arte “inócua” e “pífia”. Por quê? Ora, porque a sensação de estranhamento, típica das intervenções, é esgotada ao primeiro olhar; após isso, a obra não suscita divagações mais profundas. Não há permanência: as obras se destroem logo após serem construídas, tornando-se materialmente “descartáveis”. Assim, as intervenções urbanas acabam tendo, ironicamente, um papel alienador.

Alfonso estabelece uma ligação com a mídia: ela mostra o que choca ou é visualmente atraente e, assim, as intervenções urbanas preenchem espaço; no sentido oposto, essas acabam ganhando legitimidade como obras de arte ao aparecerem na mídia. A própria sensação de estranhamento seria uma idéia bem típica da indústria cultural em que se transformou a sociedade contemporânea, querendo atrair a atenção das pessoas para qualquer coisa, fazer alarde sobre tudo. O professor também enxerga uma concorrência entre as intervenções urbanas e a publicidade na busca pela sensação de estranhamento, dando origem a uma espécie de guerra visual nos espaços urbanos.

Para Alfonso, a relação do interventor urbano com seu público é “cínica”: na maioria dos casos, o primeiro não sabe o que está dizendo, é simplesmente discurso em cima do vazio; o segundo, que já não está familiarizado com a linguagem da arte tradicional, vê-se mais perdido ainda com essa nova linguagem das intervenções urbanas. Assim, Alfonso vai contra a idéia de que a Arte Contemporânea proporciona uma aproximação com o público. Além do mais, o estranhamento pode ser entendido como uma brincadeira com o sentimento das pessoas, o que, segundo Alfonso, não justifica o trabalho artístico. Para ele, a arte não é deboche.

O professor Alfonso trabalha com pintura há trinta anos. E o que é arte para ele, então? Bem, um pedaço da sua resposta está nas idéias do filósofo alemão Friedrich Nietzsche: a arte é um afago, um carinho para o homem. Tem de ser humana, ter vitalidade, passar a presença viva do artista na obra, não pode ser mera técnica. Mas a arte não pode lidar com protesto, então? Aí é que entra o outro pedaço. Segundo Alfonso, pode sim, mas tem que haver sempre uma proposta, uma esperança, uma redenção. Não pode somente botar mais sujeira no mundo, que disso o mundo já está cheio.
Outra idéia

“Em resumo, ficou demonstrado que nenhum homem pode sentar-se a escrever sem uma profundíssima intenção.”
Edgar Allan Poe, escritor norte-americano


Uma repartição de vidro separa Tetê Barachini de seu ateliê. E é assim que a professora tem um pequeno escritório à sua disposição, com poltronas, cadeiras, um armário, uma escrivaninha, livros... e um computador, de onde se pode acessar o site do projeto Deusa Morna, que Tetê orienta. Enquanto as imagens das intervenções urbanas produzidas pelos seus orientandos enchem a tela, a professora fala de uma palestra que o grupo promoveu: um estranho texto sobre o amarelo foi lido para uma platéia que, devido à disposição caótica das cadeiras, não ficava voltada para o palco; ao mesmo tempo, câmeras filmavam a movimentação fora do edifício e as imagens eram passadas num telão; além disso, o interior do anfiteatro era iluminado por pontos de luz dispostos de maneira aleatória. A palestra acabou se tornando, assim, uma nova intervenção urbana.

Surge a primeira pergunta: essa não acaba se tornando uma arte fácil de se fazer? Tetê responde com outra pergunta: quem disse que a arte tem que ser difícil? E questiona a visão religiosa da arte como algo que requer silêncio e seriedade para apreciação, defendendo que o entretenimento pode estar presente tanto na sua fruição quanto na sua produção. O que não exclui a necessidade da existência do artista; são eles que têm o domínio dessa linguagem da arte, portanto, são os únicos aptos a produzir intervenções urbanas que não causem apenas um choque, um susto, mas que proporcionem uma pausa na vida urbana, com o intuito de colocar as coisas em novos lugares.

E depois desse estranhamento, o que sobra? Nada. Pois Tetê diz que é proposital deixar as obras inacabadas. Neste mundo rápido e dinâmico, não há tempo para detalhismo: o que importa é o discurso. Os interventores urbanos querem apenas provocar desconforto. Não se busca a permanência dessa sensação. Os trabalhos são construídos para serem fugazes mesmo. O papel do artista, então, é estar sempre buscando novas maneiras de provocar a sensação de estranhamento.

- Nós não somos artistas de rua, mas sim artistas indo para a rua – esclarece Tetê.

E isso não significa somente uma aproximação com o público. Segundo a professora, o movimento é uma tentativa de popularizar a discussão sobre arte, sem entrar em questões mercadológicas. Até porque não há espaço para todos os artistas exporem nos museus.

A professora Tetê faz questão de ressaltar que as intervenções urbanas não são feitas para pequenas comunidades. É, sim, um movimento criado para e a partir do mundo urbano. E como se lida com a diversidade de culturas desse público tão heterogêneo que são os habitantes das cidades? Tetê diz que é através do universal. Trata-se de uma nova linguagem, diferente da usada na arte tradicional. O espectador é diferente, a arte também. Segundo Tetê, as intervenções urbanas representam uma nova postura perante o mundo. Em outras palavras, trata-se de uma arte do nosso tempo.

Uma conclusão?


“Toda definição do fenômeno em termos gerais corre o risco de constituir uma nova contribuição àquela genericidade típica da mensagem de massa.”
Umberto Eco, crítico italiano

O leitor atento perceberá que há coincidências nas falas dos três entrevistados, mesmo quando as idéias se opõem. Contradição ou apenas pontos de vista diferentes? Talvez uma demonstração de que a diversidade cultural deve ser pensada não só em termos de fruição, mas também de produção da obra de arte. Pode ser uma questão de gostos e de atitudes, tanto do artista quanto do público.

E então, a arte está dentro ou fora dos museus? Para essa pergunta não há uma só resposta. O debate em torno da Arte Contemporânea é muito amplo. Por outro lado, ele só é possível graças a discussões como a do curso de Desenho e Plástica da UFSM. No fim, é um debate entre indivíduos (e suas idéias). Portanto, cabe agora ao leitor tirar suas próprias conclusões.
Augusto Machado Paim

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Programa nº 15

A arte contemporânea é apreciada por poucos. A obra e o artista se fazem próximos a um público tão distante... a arte é para todos? É o que o Fiz + Sotaques discute nessa semana.

Bloco 1:


Bloco 2: