terça-feira, 22 de julho de 2008

O crime compensa...

Dando início aos ''causos'' e depoimentos sobre a produção de cada programa: Leandro Lopes, diretor do Fiz + Sotaques, conta como foi a realização da primeira edição, depois de tanto imaginar um programa plural com repórteres em vários cantos do país.
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Foram madrugadas ao sabor das ‘doces-amargas’ saladas de sentimentos. Em um momento angústia, no outro, alegria, logo depois... desespero. Aí achava que não daria tempo, mas enfim, finalmente, graças ao São Protetor das Tecnologias Vencíveis, o vídeo ficou pronto! “Aleluia!”, ouvi os anjos da consciência pesada gritarem. Estava finalizado o primeiro dos muitos que viriam, estava com início, meio e fim, o Fiz + Sotaques de estréia.

Ninguém havia dito que seria uma tarefa fácil. Primeiro desafio foi superar a comunicação não-oral, a falta de uma boa conversa tête-à-tête. Tudo tinha que ser minuciosamente dito e redito, lido e relido nas conversas sonolentas de uma madrugada afora via msn. Depois, era hora de receber todos os vídeos, um por um, e baixá-los ao mesmo modo (um por um). O computador, nesse momento, trabalha muito mais que eu, não posso negar. Aí chega a hora de assistir tudo e selecionar fala por fala; pedaço por pedaço. E sentir o coração partir porque aquela fala está ótima, mas ficaria solta nesse vídeo. Isso aconteceu o tempo todo. Aliás, entrevistar as pessoas certas gera esse problema: quase tudo que elas falam merece espaço. Mas alguém já disse: ‘a vida é uma ilha de edição’. E editar é muito mais que cortar palavras (como sugeria Drummond): é cortar idéias.

Depois do pré-roteiro estabelecido, hora de explicar detalhe por detalhe ao editor (que assim como nós, pela primeira vez vê e participa de um processo como esse). Daí em diante, basicamente, é negociar ‘tira isso’, ‘coloca isso’, ‘põe essa sonora aqui’, ‘encaixa essa fala lá’. E a idéia – que começou em uma reunião de pauta com gente de tudo que é canto do país em frente ao computador ao mesmo tempo – vai ganhando forma, braços, pernas, cabeça e nasce, e nos enche de orgulho, e arranca comentários, e nos faz dizer: as madrugadas e as saladas valem a pena. O crime compensa!
Leandro Lopes

2 comentários:

Augusto Paim disse...

O Léo tá virando o Ronaldinho Gaúcho dos textos!

Anônimo disse...

Cê tá dizendo que estou começando a ficar gordinho???